Dharma e Consciência Humana

26 26America/Sao_Paulo junho 26America/Sao_Paulo 2024 0 comments Jayadvaita Categories Blog 2024Tags , ,

Uma Perspectiva Holística

Podemos adotar uma compreensão mais neutra e ampla do dharma, desvinculada de dogmas religiosos, pois quando falamos em dharma, frequentemente pensamos em um conceito já programado em nossa mente, muitas vezes ligado a contextos religiosos. No hinduísmo, budismo e outras tradições orientais, o dharma é visto como algo religioso, mas essa visão é apenas uma parte do entendimento.

Embora o termo dharma não tenha uma palavra que o defina nas línguas modernas, podemos entender o conceito como 'potencial de coerência no ato de presença'. Essa presença não se limita apenas ao ente humano, mas a todos os possíveis níveis e estados de consciência que existem, nos variados reinos.

Nessa perspectiva humana, o dharma pode ser comparado ao DNA, uma espécie de código informacional energético armazenado em nossa genética. Esse código não é uma lei externa ou obrigação, mas sim a essência informacional que define nossa natureza biológica individual e que nos torna potencialmente aptos a agirmos conscientemente e em harmonia com o equilíbrio de tudo o que existe em nós e ao nosso redor.

Dharma como Essência Informacional

Na prática, isso significa que cada um de nós possui um impulso inato, derivado da fonte criadora, que nos orienta em nossas ações e evoluções. À medida que interagimos com o ambiente e mudamos de situações, corpos e experiências, há uma comunicação constante entre nossa essência e a natureza viva e consciente ao nosso redor. Essa interação define nossa biologia e nossa estrutura genética, que são únicas para cada ser.

Desse modo, dharma não deve ser visto apenas como uma injunção religiosa ou uma obrigação moral, mas como um princípio natural da consciência humana. Cada ser vivo possui esse impulso para a criação e manifestação, e nossas ações são guiadas por essa codificação interna.

Naturalmente, esta perspectiva foge da noção limitada de qualquer determinismo reducionista, pois segue um equilíbrio imanente em todos os campos de existência sem que algo esteja fora desta abrangência. Por exemplo, quando pensamos nas qualidades intrínsecas da água ou do fogo, estas são qualidades inerentes a eles e a nenhum outro elemento da natureza. Esta característica é definida pelo fator dharma presente neles.

A Interação com o Ambiente

Ao considerarmos o dharma como um princípio informacional, podemos entender melhor a dinâmica entre nossa essência e o mundo ao nosso redor. A interação entre o código informacional humano e o ambiente é contínua e bidirecional. Assim como nosso DNA pode influenciar nossas características físicas e comportamentais, o ambiente também pode influenciar a expressão de nosso dharma.

Isso nos leva a uma compreensão mais profunda de como nossas ações e escolhas são moldadas. Não se trata apenas de seguir um caminho predeterminado, mas de responder de maneira consciente e harmoniosa às influências externas, enquanto permanecemos fiéis à nossa essência interior. Isso implica em autenticidade. Diríamos que há em cada ser um constituinte essencial que preserva e impulsiona fatores de autenticidade em tudo o que fazemos e de como fazemos. É como uma impressão digital que não se confunde com outra, dada sua autenticidade.

Do mesmo modo, cada um de nós possui um potencial único a ser explorado enquanto existimos conscientemente neste plano de manifestação. De certa forma, esta é a verdadeira causa de nossa existência. Estamos aqui para evoluirmos e a evolução ocorre a partir desta premissa motora que é o dharma, ou os códigos que nos torno cada vez mais o que já somos em potencial.

A evolução da consciência humana é intrinsecamente ligada ao dharma. À medida que nos desenvolvemos e crescemos, tanto individualmente quanto coletivamente, o nosso entendimento e expressão do dharma também se expandem. Esse processo de evolução não é linear, mas sim uma jornada complexa de descobertas e adaptações.

Nossa capacidade de evoluir está intimamente conectada com nossa habilidade de reconhecer e agir de acordo com nosso dharma. Quanto mais conscientes estivermos de nossa verdadeira natureza, mais capazes seremos de fazer escolhas que promovam nosso bem-estar e o bem-estar daqueles ao nosso redor.

Uma Visão Universal do Dharma

Ao compreender o dharma desta maneira, reconhecemos que ele transcende contextos religiosos e culturais, sendo um princípio atemporal e universal. Ele representa a nossa verdadeira natureza, orientando-nos para agir de acordo com nossa essência, promovendo o bem-estar e a cooperação entre todas as consciências.

Essa visão mais ampla e neutra do dharma nos permite viver em harmonia com nossa verdadeira essência e com o mundo e com a realidade. Em vez de nos sentirmos limitados por normas e dogmas rígidos, podemos explorar nossa própria natureza e descobrir o caminho que é mais autêntico e significativo para nós, pois não há como agirmos e realizarmos o objetivo de nossa existência sem desvendarmos na prática o nosso real potencial. É literalmente dizer com todas as letras: seja plenamente você.

Aplicar este conceito de dharma em nossas vidas cotidianas envolve uma série de práticas e atitudes que nos ajudam a alinhar nossas ações com nossa verdadeira essência. Isso pode incluir a meditação, a introspecção e a busca por um entendimento mais profundo de quem somos e do que realmente queremos na vida.

Também envolve a disposição de estar presente e consciente em nossas interações diárias. Ao prestarmos atenção ao momento presente e às nossas respostas a diferentes situações, podemos começar a perceber padrões e impulsos que refletem nosso dharma. Com essa percepção, podemos tomar decisões mais conscientes que estão alinhadas com nossa natureza interior.

Benefícios de uma Compreensão Ampla do Dharma

Adotar uma compreensão mais ampla e neutra do dharma oferece vários benefícios significativos:

  1. Autoconhecimento: Nos ajuda a entender melhor quem somos e qual é nosso propósito fundamental.
  2. Bem-Estar: Promove um senso de paz e bem-estar ao nos alinhar com nossa verdadeira natureza.
  3. Harmonia: Fomenta relações mais harmoniosas e cooperativas com os outros, à medida que reconhecemos e respeitamos o dharma deles.
  4. Evolução: Apoia nosso crescimento e evolução contínuos, tanto em nível pessoal quanto coletivo.

 

A decodificação do conceito de dharma como um princípio informacional energético que define nossa natureza individual nos permite desvinculá-lo de dogmas religiosos e vê-lo como um componente essencial da consciência humana. Essa visão mais holística e universal do dharma nos leva a explorar nossa verdadeira essência, a interagir de maneira consciente com o mundo ao nosso redor e a evoluir continuamente em harmonia com nossa natureza interior. Afinal, o universo é consciente.

Ao viver de acordo com essa compreensão ampliada do dharma, podemos experimentar uma vida mais autêntica, significativa e harmoniosa, promovendo o bem-estar de todas as consciências e contribuindo para a evolução consciencial e coletiva da humanidade.

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